sábado, 24 de maio de 2008

Índios 2

Avai fica no interior de São Paulo, é uma pequena cidade,sua população estimada em 2004 era de 4.571 habitantes.
O município possui quatro aldeias indígenas (Kopenoti, Nimuendaju, Ekeruá e Tereguá), numa área de 1.060 alqueires (as aldeias estão distante 15 Km do município).
Na Reserva Indígena de Araribá moram Guaranis e Terenas.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

VISITA AO POVO TERENA












Estive em Avaí, visitando os índios Terena, no último 19 de abril e na volta fui questionada por uma das educadoras sobre a validade desta atitude, de levar os adolescentes até a aldeia, ou mesmo da postura daquele povo indígena, de se deixar visitar e expor sua cultura como se fossem animais em extinção ou coisa parecida.
Então me pus a questionar essa realidade, retrocedi 500 anos na história, reportei-me ao contato e busquei um paralelo.
Nossos educandos sentiram o medo, o receio à interação que se daria, formulando perguntas como: eles não vão estar nus não é? Eu disse-lhes que provavelmente não. Mas que teríamos que estar abertos para o novo e que se acaso estivessem nus a maldade não estaria em sua nudez, mas em nossas cabeças.
500 anos se passaram, os indígenas mudaram muito, sofreram muito, morreram muitos, mas resistiram, aprenderam a se organizar e se uniram numa luta em razão da sobrevivência e da resistência.
E nós Continuamos os mesmos, julgando pelo pouco que vimos ou que ouvimos. Condenando mentalmente uma postura que de fato desconhecemos ou se não chegamos a ponto de condenar, no mínimo ousamos questionar algo que não diz respeito a nós, à nossa vida.
Eles nos receberam com a mesma gentileza que receberam Cabral e para nós também dançaram, só que desta vez nós avisamos que iríamos e eles aceitaram nos receber.
Quando se dispuseram a receber diversas escolas em suas terras e nos mostrar um pouco de sua cultura, penso que estavam buscando uma forma de comunicação.
Naquele momento nós éramos os receptores, eles os emissores e a dança, o canto, o artesanato eram as suas linguagens, seus signos, os que escolheram para demonstrar sua cultura.
Esse diálogo continua sendo difícil, essa leitura ainda é controversa, o que para eles é utilitário para nós torna-se objeto de arte, o que para eles é sagrado, para nós não tem nenhum significado.
Para haver verdadeira comunicação nós, que nos dispusemos a conhecer, teríamos que nos despir de nossas verdades e tentar compreender a mensagem que nos seria carinhosamente transmitida.
A comunicação é um processo que busca afetar o comportamento do outro, nesse sentido o que será que os Terena gostariam de afetar em nosso comportamento?
Outro fator importante na comunicação é o contexto em que ela se dá. Em que contexto vivemos nós? Qual é a cultura implantada pelo neoliberalismo? A sociedade do espetáculo, como denominam os teóricos. Um mundo altamente competitivo e individualizado, onde a privacidade é constantemente invadida.
Eu me pergunto de onde vem tanto ódio? Por que? por que tanta curiosidade pela privacidade alheia ? Por que assistir Isabela noite e dia pode? e esquecer das nossas vidas pode?
Ah! Perdoem-me mas eu prefiro o espetáculo da aldeia do povo Terena. Eu prefiro olhar, escutar, sentir com todos os meus sentidos a mensagem transmitida no dia 19 de abril.
Dou-me por vencida, mesmo porque a comunicação não deixa de ser uma disputa de poder.
Torno a perguntar-me: será que é certo o povo indígena se expor desta forma ao olhar do branco, do colonizador?

Nessa longa caminhada houve um crescimento, não do indígena em si, mas da visão do branco que os enxergou ora como animais, sem almas, ora como vagabundos, sujos, incapazes.
A escola muitas vezes faz de conta que não vê e chega a fingir que os indígenas não existem mais. Diversos livros didáticos ainda trazem dizeres como “os índios caçavam”, “os índios comiam”, “os índios moravam” , como se não comessem, não caçassem, não morassem, não vivessem mais.
Por outro lado não podemos cobrar comportamentos politicamente corretos de nossos irmãos, não nos cabe atirar pedra no telhado do vizinho, haja visto a fragilidade de nosso teto.
Nós nunca estivemos tão desorganizados politicamente, a exemplo das relações trabalhistas, conquistadas a custa de tanta luta, sendo colocadas por terra. O desemprego estrutural, o aumento da exploração e da miséria.
A educação em vias da privatização e nós educadores continuamos desunidos, furando greves.
Nossos irmãos indígenas vêm tomando a educação em suas mãos, lutando por uma educação bilíngüe.
Há ainda mais um item que eu gostaria de discorrer aqui, é quanto a ser ou não índio de verdade. Alguém já ouviu falar em português de verdade, americano de verdade, italiano de verdade?
Comer uma pizza nos torna menos brasileiros?
Um índio fora da aldeia já não é mais índio?
Quem foi que disse que o indígena é obrigado a andar pelado?
Porque é que se cobra do indígena uma cultura estática? Porque nós é que decidimos o que é ser
“índio bom” ? E isto para nós ora é ser aculturado, ora é ter resistido ao processo de aculturação.
Ora! E o povo indígena não tem querer, não tem voz, não tem poder sobre sua própria história?
Se é correto ou não se “despir” frente ao branco, acolhe-lo gentilmente, se é certo cantar para ele, dançar, se pintar. Quem tem que decidir isto é o próprio povo indígena.
Espero que decisões assim sejam tomadas num processo democrático, como presenciei na aldeia do povo Karipuna no Amapá. Mas se não for possível, que seja como bem queiram, porque são eles afinal os verdadeiros protagonistas de sua história.
É pena que muitas vezes nós não consigamos desvendar os signos e apreender o verdadeiro significado, compreendendo a mensagem.
Para mim o importante é proporcionar aos educandos esta rica experiência de conviver com a diversidade, de questionar o etnocentrismo, de desconstruir e reconstruir através da reflexão.
Nós, desta vez não fomos em terra estranha buscar ouro, portanto, não encontramos. Eu, porém ainda acho que poderíamos ter encontrado ouro se estivéssemos abertos à comunicação. Vejamos por exemplo a dança apresentada, em nada se parece com a “ciranda neoliberal”.
O canto em uníssono, a dança sincronizada em nada se assemelha a competição, ao individualismo. Muitos valores estavam implícitos naquele dançar e ao nosso senso passaram despercebidos.
Egocentrados, etnocentrados, seguimos nossa viagem.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

MELANCOLIA


As vezes viajo,
Sonhos, delírios...
Vejo, imagino.

Encontro, reencontro,
Concertos, conserto...
As notas da vida.

Enfim, invento,
Caminhos inusitados...
Rimo destinos.

Alinho em desatinos,
Reescrevo começos
E belos finais.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

PRIMEIRA CARTA


Meu amor

Não me recrimine por chamar-te assim. Você nem sabe o que é amor para mim, conceitos, filosofias, teorias...

Esse é nosso mundo ,******! Um reinado onde tentamos definir, conceituar, entender.

Venho aqui para declarar meu amor por você. Esse que sublimei na arte que nada vale, mas vale tudo que senti, sonhei, viajei, delirei.

Criatividade vinda da pobreza de dinheiro e da riqueza de experiências. Pobreza que roubou minha auto-estima e reforçou meu orgulho. Paradoxos!

Meus poemas resumem tudo que sinto, nada preciso explicar.

Continuo aqui como amiga, se um dia precisar eu estarei aqui.

Meu irmão, gostaria de contigo ler todas as poesias do mundo, ouvir todas as peças musicais, assistir todas as peças de teatros, rir por toda a vida de todas as comédias assistidas

Acreditei, acreditei, continuo acreditando

Às vezes gostaria de compreender o dito: “você não precisa se preocupar”. Mas não ouso mais perguntar, na minha, sigo minha história.

Não se preocupe, não te abordo mais, nem pessoal, nem virtualmente.

Não é porque você é mistério, mas sim porque parece integro, sincero e sensível que me apaixonei.

Seguirei meu caminho, sempre te desejando o bem.

Fisicamente há distância e há ausência, mas em energia, em pensamento, em espírito estarei sempre por perto torcendo por ti, vibrando boas energias te desejando tudo de bom

Eu te amo!

Cássia , 05/12/2007

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

SÍNDROME TRISTE


Através do amor
Percebi a dor
Que habita em ti
Essa mesma dor
Eu passei sentir
Sem saber porque

Observei
Pelo teu olhar
Pus -me a penetrar
Em ti mergulhei
Profundamente
A principio
Tão intensamente
Que esqueci de mim

Neste mergulhar
Percebi seu esconder
Disfarçar a dor
De forte se fazer
querer ser
seu vencedor

Cansada e vencida
li o seu cansaço
Seu sorriso ralo
colapso
Sinto minha vida!
Você não me quis
Nem posso tentar
Te fazer feliz

Estais perguntando
Se adivinhei
De coração chorando
Te direi:
A síndrome?
Sim eu sei!
Que te assola a alma

Sinto...,
Pelo teu sentir
Sem razão de ser.
A ostra perene
De lama envolta
Opaca e rude
No escuro esconde
Aquela que clamo
Para ser feliz.
Para! respira fundo
Pois ela reluz

MEMÓRIA II


MEMÓRIAS

As da infância esquecidas
Não lembro bem
Recalcadas, retorcidas
Vão além, muito além
Da vida.

Recônditas, comandam almas
Iminentes, invocadas
Surgem embaraçadas
Por um olhar, um sentir
Um tocar, um ouvir

No ínfimo instante
Eu te reconheço em mim
Vital, natural,
Gravado para a eternidade
Transcende o agora

E vem do longínquo,
Pretérito
E transmigra, companheiro
Mas tu não me reconheces
Não lembras, não sabes.

A pedra, a árvore e o animal
O elemental, e tanta gente,
Fostes e é o tesouro que é:
Memória, Memória

De nada vale se me olha
E não me vê
Sei que tenta
Que me procura
No fundo de meus olhos
Além da alma

Mas não me vês .
De que vale tanta visão,
Tanto saber,
E o amor,
Se não houver
Memória?

Príncipe


Não se faz necessário beijar
Por vezes nem ao menos tocar
Mas ao príncipe foi dado o poder
De acender, ressuscitar.
Não princesas, mas rainhas,
Quase bruxas talvez
Congeladas pela dor
Do tentar e não acontecer
Uma, duas, muitas vezes
E não é pelo que é em si
Mas pelo que representa
Promessa de hombridade
Ética, sinceridade
Disto que o mundo se faz carente
Que no homem está ausente
E em ti tão eminente reluz
Ilumina, acende a chama
Do sonhar, do par, final feliz
Resta tão pouco tempo
O príncipe permanece só
Neste lento caminhar
E eu no momento a sonhar,
Só, me pus a brilhar